Fevereiro 2012
Nome Próprio (de pessoas) – existem personagens cujo imenso carisma ganha logo destaque na capa de um livro. E a regra do mês é essa: só vale livros cujo título seja um nome próprio - e apenas ele -, exemplo: Quincas Borba, Benjamin, Emma. Vai ser divertido e muito fácil caçar títulos do tipo; seja na estante de casa, de uma livraria ou de uma biblioteca. ATENÇÃO: apenas nome próprio de pessoas!
Resenha
“Todos temos um segredo trancado a sete chaves no sótão da alma. Este é o meu.”
O livro é narrado em primeira pessoa pelo personagem Oscar Drai, que a partir de uma visita ao seu passado na Espanha no fim da década de 70, relata sua história, vivida ao lado de Marina.
Óscar é um menino de 15 anos que vive em um internato e tem pouco contato com sua família. Seu maior prazer consiste em passear nos arredores do internato, após as aulas, quando os internos tinham pelo menos três horas livres antes do jantar. Em um desses passeios, enquanto explorava a região repleta de mansões e casarões abandonados o garoto encontra um gato que aparentava pelo seu pelo lustroso e pelo guiso no pescoço, ter um dono, seguindo o animal, chegou ao portão de um dos casarões abandonados, que para sua surpresa se encontrava aberto. Ao adentrar na mansão Oscar identificou a voz de uma mulher cantando em um gramofone e encontrou um relógio, ao examiná-lo á luz de velas, surpreendeu-se com uma silhueta que levantou-se da poltrona e veio em sua direção, com o susto o menino correu em direção a saída sem perceber que ainda segurava o relógio. Ao voltar ao internato, o sentimento de remorso o corroeu e ele então decidiu retornar para devolver o relógio, ao lugar de onde tinha tirado, sentia-se um “ladrão de lembranças”.
Nesse momento, o garoto conhece Marina, que tinha aparentemente a mesma idade que ele e morava na casa junto com seu pai Gérman, dono do relógio. E é a amizade com esses personagens que leva o menino a desvendar dois mistérios, um, o sentimento pela menina que se tornou sua companheira inseparável, e o segundo, a sombria história de Mijail Kolvenik.
Gostei do livro, de certa forma a história me prendeu e adorei o foco descritivo dado pelo autor, principalmente na primeira parte, que foca a relação construída entre Óscar, Gérman e Marina. Gostei muito do trio, Marina é sem dúvida uma garota inteligente e atraente, realmente envolvente, e Gérman, um homem que sofreu muitas perdas e parece viver no passado. Um cavalheiro do século XIX, em modos, atitudes e gostos.
Na segunda parte, foca-se o mistério que envolve a vida de Mijail Kolvenik, no qual os meninos se envolvem mais do que o desejável. É uma história tão sinistra, grotesca e fantasiosa que, parece não combinar com o resto da história. O livro é classificado como literatura juvenil, e isso explica de certo modo, o roteiro absurdo que conduz essa parte da história. No fim, volta-se o foco para a relação entre os personagens e o drama vivido por Marina, que se encontra à beira da morte.
De maneira geral, é uma história bem construída, coerente, apesar de achar a história da Vello Granel, Eva Irinova e Mijail Kolvenik grotesca, o enredo é interessante ao ponto que o autor vai revelando aos poucos as histórias e versões dos personagens envolvidos. Não foi O livro, confesso que me decepcionou um pouco, pois pela repercussão dada ao autor e ao livro, esperava bem mais da história. No entanto, Marina entra para a galeria de mulheres notáveis da literatura, pelo menos na minha singela opinião.